quinta-feira, 28 de maio de 2009

AS CONQUISTAS E AS DIFERENÇAS DA MULHER NA SOCIEDADE .


Nas últimas décadas um dos fatos mais marcantes ocorridos na sociedade brasileira foi a inserção crescente das mulheres no mercado de trabalho. Este contínuo crescimento da participação do chamado “sexo frágil” é explicado por uma combinação de fatores econômicos e culturais. Primeiro, o avanço da industrialização transformou a estrutura produtiva, a continuidade do processo de urbanização e a queda das taxas de fecundidade, proporcionando um aumento das possibilidades das mulheres encontrarem postos de trabalho na sociedade.
As desigualdades da sociedade vividas no cotidiano, no que se trata das relações de gênero, não se definiram a partir do econômico, mas, especialmente a partir do cultural e do social, formando daí as "representações sociais" sobre as funções da mulher e do homem dentro dos variados espaços de convivência, ou seja: na escola, na família, prática desportiva, na igreja, nos movimentos sociais, enfim, na vida em sociedade.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) / CENSO 2000, a população brasileira, é de 169.799.170 milhões de habitantes, com participação de 51,31% de mulheres. Não há dúvida de que há uma estreita relação entre o trabalho e a educação no processo de desenvolvimento dos grupos e da sociedade como um todo. De acordo com o IBGE/2000, a PEA brasileira, em 2001, tinha uma média de escolaridade de 6,1 anos, sendo que a escolaridade média das mulheres ocupadas era de 7,3 anos e a dos homens de 6,3 anos.
O Consultor Financeiro e Presidente da Boriola Consultoria, Dr. Cláudio Boriola explica que uma conclusão corrente é a de que o cidadão ou a cidadã com maior nível de escolaridade tem mais oportunidade de incluir-se no mercado de trabalho. Além da inclusão no mercado, constata-se uma significativa melhora entre as diferenças salariais. Entretanto, mesmo com o expressivo crescimento da mulher no mercado de trabalho, ainda não foram superados os obstáculos de acesso a cargos de chefia e diferenças salariais; estes, embora tenham diminuído desde os anos 90, ainda permanecem e significam que as mulheres aceitaram postos de trabalhos miseráveis para sobreviver com sua família, já que as taxas de desemprego feminino são significativamente maiores do que as da população masculina.
Setor de serviços têm mais mulheres do que homens
Segundo pesquisas, as trabalhadoras brasileiras concentram-se nas atividades do setor de serviços; 80% delas são professoras, comerciárias, cabeleireiras, manicures, funcionárias públicas ou trabalham em serviços de saúde, mas o contingente feminino mais importante está concentrado no serviço doméstico remunerado, primeira ocupação das mulheres brasileiras. São negras cerca de 56% das domésticas e usufruem ainda os menores rendimentos da sociedade.
Desemprego atinge mais as mulheres
O desemprego tem atingido mais fortemente as mulheres, conforme dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho) Hoje, o desemprego está em uma taxa de 11,7%, 31% superior a dos homens (7,4%). No que se refere às mulheres negras (13,8%), o percentual é 86% superior a dos homens brancos (6,5%). Grande aumento nessa diferenciação se deu entre 1992 e 2001. Preocupante é a taxa de desemprego juvenil, destacando-se os negros e as mulheres: jovens brancos têm taxas de 13,6%, jovens negras de 25% e jovens brancas 20%.
Independentemente do sexo, os jovens apresentam as maiores taxas de desemprego. Isso indica que a idade é um importante fator diferenciador, para ambos os gêneros, na obtenção de um emprego. Em 1996, a taxa de desemprego entre as jovens de 15 a 17 anos era de 43,5% e a dos jovens com a mesma idade, 34,5%. Na faixa etária de 18 a 24 anos, esses percentuais alcançaram 23,4% e 19,0%, respectivamente.

As mulheres apresentaram taxas de desemprego bastante superiores àquelas registradas nas mesmas faixas etárias para os homens, exceto para os segmentos considerados não reprodutivos (menores de 15 anos ou com 40 anos e mais), em que são bastante similares àquelas registradas para os homens das mesmas idades. Isso revela que a discriminação de gênero está associada à gestação e à criação de filhos, responsabilidade quase exclusiva das mulheres.
Por último, verifica-se que o desemprego entre as mulheres aumentou em todas as faixas etárias, ocorrendo o mesmo para os homens. No caso delas, o maior crescimento foi observado nas faixas etárias superiores a 17 anos, justamente os segmentos em que se registrou o maior aumento da taxa de participação.

O desemprego continua bastante elevado e aumentou substancialmente no último ano, tanto para os homens como para as mulheres. Em 1989, a taxa de desemprego das mulheres era de 10,6% passando para 15,3%, em 1995, até alcançar 17,2%, em 1996. No caso dos homens, o indicador era de 7,5%, no primeiro ano, subiu para 11,8% no segundo e atingiu 13,5% no ano passado. Apesar da permanente diferença de patamar, as taxas de desemprego para mulheres e homens apresentaram, ao longo da década de 90, a mesma tendência de aumento, com elevações respectivas de 62,3% e de 80%.
A presença das mulheres no trabalho precário e informal é de 61%, sendo 13% superior à presença dos homens (54,0%). A mulher negra tem uma taxa 71% superior a dos homens brancos e destas 23% são empregadas domésticas. Necessariamente, a análise da situação da presença feminina no mundo do trabalho passa por uma revisão das funções sociais da mulher, pela crítica ao entendimento convencional do que seja o trabalho e as formas de mensuração deste, que é efetivada no mercado.
O trabalho sem remuneração
O trabalho não remunerado da mulher, especialmente aqueles realizados no âmbito familiar, não são contabilizados estatisticamente e não possuem valorização social - nem pelas próprias mulheres - embora contribuam significativamente com a renda familiar e venham crescendo, englobando inclusive atividades exercidas para grandes empresas. O que vem sendo concluído com os estudos sobre a mulher é que ocorre evidentemente uma dificuldade em separar casa-fábrica ou vida pública-privada, mesmo em se tratando da participação no mercado de trabalho, na população economicamente ativa.
Somente a partir de cerca de 20 anos atrás, especialmente desde o período Constituinte, 1987/88, as questões que envolvem as relações de gênero no trabalho e na produção encontraram maior espaço nas pautas importantes de discussão de políticas de emprego, como sindicatos, dos partidos políticos, e outros setores similares.
As contradições da relação homem/mulher são diluídas na aparente neutralidade dos conceitos científicos; outras vezes delimita artificialmente os campos de análises, como podemos observar mais freqüentemente na educação, na economia, na sociologia do trabalho e na sociologia da educação.
Sejam as operárias de fábricas, as trabalhadoras do comércio ou do campo, e outras, elas convivem com problemas de ordem privada que em muito dificultam seu desempenho como profissional, suas necessidades de qualificação e requalificação, afetando o cotidiano de toda família. No entanto, os homens dificilmente consideram tais problemas também como parte de sua vida. São dificuldades que, embora internas a questões da vida familiar, refletem sobre as condições de exploração da força de trabalho - apresentando-se, de fato, como um problema coletivo, tomando caráter público - como é o caso da não existência de infra-estrutura (restaurantes, creches, lavanderias etc.), que apoiariam a saída para o trabalho.
Decisões são tomadas sem a participação das mulheres
Pesquisas sobre a utilização de novas tecnologias indicam que as mulheres estão sendo excluídas dos treinamentos que possibilitam o conhecimento das máquinas e de programação, sendo mantidas nas funções que exigem menos qualificação, como já nos referimos. Salvo esparsas exceções, raramente a mulher consegue penetrar em áreas onde sejam feitos diagnósticos e tomadas decisões técnicas. Sua atuação é sempre restrita à esfera de execução do que já foi decidido. Mesmo hoje, com as mudanças na organização do processo de trabalho, ela ainda não participa do processo decisório. Nas fábricas, ela está na linha de montagem, no comércio, está no balcão, no campo, está na colheita, e assim por diante.
Finalmente, hoje observa-se a possibilidade concreta de uma nova ordem que inclui a relação complementar entre os sexos, a possibilidade de um núcleo familiar democrático e outros componentes de formação da sociedade que venham garantir a efetivação do antigo/atual clamor por uma sociedade socialmente justa. Vários são os caminhos construídos pela recente história cultural de nossa sociedade e pela produção teórico-conceitual que explicitam a existência das diferenças, possibilitando maior clareza e uma concepção bem elaborada sobre a questão, de forma que não permitam que seja dada uma continuidade ao processo de desigualdade, gerada a partir das diferenças.
Movidas pela necessidade de contribuir para a manutenção da família, ou mesmo pelo desejo de obter realização profissional, as mulheres estão, ao longo desta década, cada vez mais presentes no mercado de trabalho.

Cresce o número de mulheres no mercado de trabalho

Por Cláudio Boriola

Fonte: Assessoria de Imprensa - Boriola Consultoria - 30/1/2007
http://www.secretarias.inf.br/textos.asp?codigo=3800

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